O ACERVO

É com grande satisfação que realizamos nosso segundo leilão do ano de 2025 reunindo como acervo principal lotes de duas singulares coleções na cidade de São Paulo que pertenceram a distintos colecionadores.

A primeira de origem de um alemão emigrado de Gronau, empresário do ramo da metalurgia e aço, cuja residência em requintado bairro da cidade de São Paulo era decorada com mobiliários, quadros, tapetes e objetos de arte e antiguidades de qualidade e beleza. Já a segunda, foi formada por um casal de condes de origens italiana e grega, sendo a esposa filha de renomado empreendedor italiano que construiu um império comercial e industrial no Brasil da virada dos séculos XIX e XX, e que adquiriram algumas raras pratas há décadas em leilões europeus das renomadas casas leiloeiras Sotheby's e Christie's. Ambos colecionadores conformaram um acervo que poderíamos muito bem definir como uma bela união entre Brasil e Europa com mobiliários, pratarias, porcelanas, relógios, quadros, esculturas e gravuras provenientes dos dois lados do Atlântico, complementados por tapetes persas e caucasianos e objetos asiáticos da China e Japão.

Destacaríamos aos licitantes alguns itens que realmente merecem atenções especiais.

Indubitavelmente, neste leilão alguns dos destaques estarão nas pratarias. Além das peças de origem luso-brasileira, alemã, holandesa e francesa, alguns "highlights" são de origem inglesa dos séculos XVIII e início do XIX, dentre os quais uma raríssima baixela pertencente a titular da nobilíssima Ordem da Jarreteira, a mais antiga da Inglaterra concedida apenas a membros da alta nobreza e da família real britânica, de lavra do importante prateiro M'decay Fox para o ano de 1759, uma bela casserole pertencente ao serviço do 1o. Visconde de Melville, o político e primeiro Lorde do Almirantado Henry Dundas (1742 - 1811), de fatura dos prateiros Barnard da era vitoriana, um elegante mug ornado com escudo armorial bretão, provavelmente pertencente a descendentes dos antigos Duques da Bretanha, trabalho do prateiro Richard, Gurney & Co. do ano de 1739, além de duas peças suis generis, sendo uma taça "Moulin à vent" de prata holandesa, muito semelhante à uma outra que pertenceu à coleção do Duque de Sussex, comercializada em leilão da casa londrina Sotheby's no ano de 2021 pelo valor estimado de 6.000 euros, e um copo de prata alemã de Hanau finamente ornado com medalhões contendo efígies de imperadores romanos laureados. 

Outros itens que merecem uma observação especial por parte dos licitantes, dadas suas raridades e especificidades, seriam uma grande urna de porcelana francesa da manufatura "Sèvres" ornada com duas explêndidas pinturas em reservas opostas, do período de transição de Vincennes a Sèvres com datação para o ano de 1753, adquirida há décadas em renomado antiquário, um belo tapete persa Ghon contendo cabochons com cenas representativas de poemas de Hafiz e Omar Khayyam, peça de confecção muito limitada dada a qualidade e o tempo demandado, uma singular edição datada de 1583 do livro "Dello Specchio di Scientia Universali", de M. Leonardo Fioravanti di Bologna, um elegante lustre francês Belle Époque lavrado em bronze d'or moulu com plafonds de opalina, adquirido de renomado antiquário paulistano há anos, um raro frontão de madeira maciça do século XVIII que pertenceu à igreja Matriz da cidade baiana de Condeúbas, uma elegante papeleira alemã "Tabernakel Sekretär" lavrada ao estilo e época do alto Barroco alemão, um inusual pergaminho com pintura do Brasão de Armas do Reino Unido, remetendo à época do reinado de James III da Escócia (1451 - 1488), provavelmente de período posterior, adquirido em antiquário portenho, dois exemplares de fauteils Louis XIII com tapeçarias de Beauvais e Savonnerie do século XVIII, uma imagem sacra portuguesa do século XVIII na representação de Deus Menino arrematado por rica vestimenta em antigos tecidos e brocados, um específico kendi de porcelana chinesa do reinado Kangxi (1662 - 1722), um par de luminárias norte-americanas "Miller Lamps" lavradas ao estilo e época Liberty e, por fim, um elegante par de aparadores laterais de fatura do ebanista italiano radicado no Brasil, Salvatore Dinucci. 

Como não poderia ser diferente, o quesito "artes plásticas" também se faz presente, e bem representado neste pregão, onde destacaríamos, além de um conjunto expressivo de pinturas américo-espanholas da Escola de Cuzco dos séculos XVIII e XIX, obras de artistas brasileiros e europeus, como os pintores e gravadores Emiliano Di Cavalcanti (1897 - 1976), Ivan Serpa (1923 - 1973), Emanuel Araujo (1940 - 2022), Antonio Hélio Cabral (1948), Clóvis Graciano (1907 - 1988), Fernando Coelho (1939), Maria Bonomi (1935), Dario Mecatti (1909 - 1976), Marcelo Grassmann (1925 - 2013), Armando Balloni (1901 - 1969), Hector Carybé (1911 - 1997), Oldfield Bowles (1739 - 1810), Nicola Decorsi (1882 - 1956), José del Castillo (1737 - 1793), Julián González (1899 - 1968), Paul Giraud (1844 - 1917) e Marie Laurencin (1883 - 1956), além de uma tapeçaria de Robert Debiève (1926 - 2018) e esculturas de Galileo Emendabili (1898 - 1974) e dos artistas populares Severino Luiz (séc. XX) e Boaventura da Silva Filho, conhecido como "Louco" (1929 - 1992).

And last, but not least, ressaltaríamos a presença de dois lotes prestigiosos que engrandecerão nosso pregão e que, aparentemente banais e corriqueiros, são na verdade muito específicos e, ao mesmo tempo, raros de se ver em leilões ao sul do Equador. O primeiro seria um magnífico oratório ermida veneziano estruturado em dois corpos, datado do ano de 1763, profusamente decorado nas partes interna e externa com pinturas de motes florais ao estilo das chinoiseries tão em voga à época na Europa, composto de espelhos soufflés em seu interior, ornado com rocalhas em douração a ouro brunido. Percebem-se, na parte inferior, inscrições incisas em italiano, não legíveis, com um nome, possivelmente do ebanista que o confeccionou. O segundo lote que destacamos é um excepcional par de chandelier francês de bronze d'or moulu com atribuição de desenho do renomado desenhista e decorador Jean-Démosthène Dugourc (1749 - 1825) em parceria com o grande bronzier Pierre-Philippe Thomire (1751 - 1843) na representação alegórica das quatro estações do ano simbolizadas por figurações finamente cinzeladas e fundidas com grande maestria. Peças semelhantes faziam partes das coleções reais da rainha Marie Antoinette (1755 - 1793), bem como do acervo de Madame du Barry (1743 - 1793). 

Mais uma vez, seguimos neste leilão nossos princípios de ofertar vários lotes de qualidade, alguns raros, sempre primando pelas autenticidades e preços atrativos de entrada, possibilitando aos apreciadores, colecionadores e a todos possíveis licitantes a aquisição de peças interessantes e raras a preços bastante convidativos.

Esperamos que apreciem mais este pregão montado com dedicação e esmero, diversificado em sua essência, como acreditamos que deva ser um leilão: "para todos os gostos e bolsos", como diz o dito popular.

A todos desejamos boa sorte em seus lances, belas compras e, principalmente, prazer em acompanhar mais este leilão de VM Escritório de Arte.


NOTAS DE LEILÃO

No caso de retirada dos lotes arrematados, a mesma deve ser feita previamente pelo e-mail vmescritarte@gmail.com, ou via telefone/whatsapp (11) 93943-8664.